“Eu abusador de mim” é um dos aspectos a ser desenvolvido no trabalho do “Acolher a criança interior”, desenvolvido pela psicóloga Maria da Glória Cracco Bozza no método “Argila: Espelho da Auto-Expressão”. Assim como o tema da autoestima não era a novidade, este também não o é.
O que aqui é novo é a forma de entender e desenvolver a temática da criança interior, pela máxima desta metodologia que é a “concretização da fala” do sujeito, permitindo pelas esculturas de adultos e crianças com diferentes fisionomias e posturas corporais, a visualização das cenas representativas das questões imaturas e que geram extremo sofrimento ao sujeito, bem como as saídas terapêuticas para as mesmas.
Entende-se por criança interior nesta metodologia todos os aspectos imaturos, infantis, que fazem o sujeito sofrer desnecessariamente, em exagero e o adoecem. Enfim, seriam todos os temas que motivam o sujeito a busca do processo terapêutico.
A sistemática deste trabalho, após a escolha da questão a ser trabalhada terapeuticamente, é escolher e identificar o adulto e a criança envolvidos na situação, faixa etária e características. Após o sujeito e terapeuta confeccionam em argila ou escolhem das esculturas prontas do Kit 04 Argila: Espelho da Auto-Expressão, as que melhor representem os dois aspectos. Escolhe também as esculturas humanas que representarão as pessoas envolvidas na situação e finalmente monta a cena. Incialmente com a escultura humana representativa do adulto e de seus aspectos potencializados à frente da escultura da criança. Após a escultura da criança é posta a frente do adulto e enfrentado a situação, representando o que o faz sofrer.
A sequência do trabalho é depositar novamente a escultura humana à frente da criança e após voltar-se para a escultura da criança que está a suas costas e busca-se o Repertório, frases de entendimento, compreensão, segurança, proteção, discernimento e acolhimento do seu adulto para com sua frágil criança interior, ou seja a renegociação e redefinição do que o faz sofrer.
O trabalho pode ser focado apenas nos fatos do momento ou ir além e levar à cena a representação do aprofundamento das questões de suas origens no passado. Na cena a criança não tem maturidade e nem preparo para enfrentar as questões pertinentes ao adulto em questão, e muito menos poder se defender das pessoas de autoridade representativas do seu passado, assim muito bem representam as situações abusivas dos educadores em sua vida. No entanto, hoje o adulto pode e tem potencial e maturidade para se posicionar e se defender, porém a medida que este adulto com todo este poder de hoje e na cena ainda permite que sua criança interior seja exposta a situações em que ele dá conta, estaria aí a repetição das situações abusivas vividas no passado, no entanto o abusador aqui é o próprio adulto, ele é o abusador de si próprio, ou seja “EU ABUSADOR DE MIM”.
Neste trabalho da criança interior com este formato e na representação das situações pelas esculturas dos adultos e das crianças, evidencia-se a potencialidade de aspectos positivos da autoestima do sujeito naquilo que realiza maduramente em várias áreas.
Portanto é um trabalho do resgate da autoestima dos aspectos fragilizados aqui representado pela criança interior.