O título deste artigo por si só já é uma metáfora, significando mudança, transposição. É o emprego da palavra, aqui representado pelas esculturas em argila, fora de seu sentido normal. É um grande recurso que facilita o conhecimento e aprofundamento das questões terapêuticas para as mudanças. Elas driblam as resistências e chegam de forma mais profunda e direta aos conteúdos mais íntimos, permitindo o destravamento e a saída do que até então não era vislumbrado.
As esculturas em argila construídas pelos clientes ou as esculturas dos Kits “Argila: Espelho da Auto-Expressão” de autoria da psicóloga Maria da Glória Cracco Bozza, são produções metafóricas que não visam apenas o produto final, mas principalmente a forma como ela é construída.
Inicialmente é apenas um lúdico inocente e sem pretensões, a não ser apenas conhecer o material argila, manuseá-la e finalizar com algo construído. Dentro do contexto terapêutico deixa de ser apenas um brincar para muito auxiliar no diagnóstico e na intervenção terapêutica, uma vez que revela algo da construção interna de seu autor. Pois, o que é capturado pelo inconsciente é o sentido figurado e metafórico que fica gravado como aprendizado na mente do sujeito.
As esculturas metafóricas e o que o sujeito dela falar, fornecerá pistas para a condução do terapeuta, possibilitando visualizar novos horizontes, até então limitado pelo discurso viciante e conhecido, favorecendo um movimento positivo no processo de autoconhecimento.
Por exemplo, sujeito confecciona uma escultura e sobra parte da argila recebida que denomina de “o resto econômico”, que dentro de seu histórico, representou o quanto economizava inutilmente e perdia de fazer uso do que estava em suas mãos em tempo hábil e após não mais servindo ao que se destinava, torando-se apenas um resto disforme.
Assim, o método “Argila: Espelho da Auto-Expressão” tem a sua máxima na “CONCRETIZAÇÃO DA FALA”.
É pela construção das esculturas metafóricas em argila, que o terapeuta tem por objetivo vislumbrar a materialização dos conteúdos verbais e não-verbais, como se representassem aquilo que é repetitivo e ali está como que congelado nas profundezas do ser do seu criador.
Após todo o movimento de construção o terapeuta vai além, pela forma construída, os detalhes do objeto metafórico, não apenas entender suas questões, mas como tais detalhes irão fornecer as saídas para a mudança tão procurada e desejada. Pode ser inicialmente um aspecto estático, no entanto é profundamente dinâmico, como se ali se fizesse um viver daquilo que era até então um fantasma de seu interior, algo palpável, mensurável e concreto, com formas, cores e tamanhos.