A metáfora do “Tudo ou do nada” pode ser um ótimo tema filosófico. Está temática pode ser articulada vislumbrando o poder dos significados possíveis da escultura metafórica do Kit-02 “Argila: Espelho da Auto-Expressão”, a do “SOU TÃO VOCÊ QUE SINTO FALTA DE MIM MESMO”, que traduz o TODO, todo em relação as possibilidades inundáveis de temas que ela representa.
No trabalho com o método “Argila: Espelho da Auto-Expressão” em que a máxima é a representação concreta da fala do sujeito, sua autora Psic. Maria da Glória Cracco Bozza utiliza-se das esculturas metafóricas para melhor enfatizar os mais variados temas surgidos no diagnóstico e no processo terapêutico com seus clientes.
Entre elas a escultura metafórica mais utilizada é esta que está sendo citada, e que representa uma infinidade de variáveis: simbiose, dependência, co-dependência, diferenciação, indiferenciação, impotência, onipotência, desqualificação, medos, mágoas, inseguranças, culpa, infantilidades, interações necessárias e positivas, racionalidade, emoções afetadas, compulsões, ansiedades, os vazios e as completudes...
A forma como ela foi criada e se apresenta para o trabalho não é estanque, e sim muito dinâmica, trazendo as questões de sofrimento e suas possíveis saídas, o que a faz ser a escultura metafórica mais utilizada pela autora em sua prática profissional.
Pode representar duas pessoas grudadas, indiferenciadas em que um se perde no outro, ou apenas próximas respeitando a preservação da individualidade com um afastamento saudável. Outra possibilidade é posicionar outras esculturas no meio das duas metades, representando a triangulação nas relações e também o quanto o casal tem de dificuldade para se unirem e preservarem a cumplicidade devido a entrada de terceiros, fora da cerquinha conjugal. Pelas cabeças das duas partes da escultura poderem ser destacadas dos corpos, e uma delas ficar ao chão, diz da impotência e onipotência das relações complementares. Pode também ser trazido o tema da impulsividade, em que um corpo sem a cabeça se distancia do conjunto, realiza a ação no impulso, e sua racionalidade ficou para trás. Outro arranjo possível é depositar outras peças no lugar das cabeças: um coração, um nenê, um livro, uma garrafa de bebida alcóolica, comidas; dizendo dos aspectos que tomam consciência do sujeito, priorizando suas ações e pensamentos, enfim as compulsões.
Cada metade da escultura no seu centro mostra um sentimento: uma tem um coração na representação do amor e a outra um fígado na representação da raiva. Podem ser trocadas e terem ambos os corações ou fígados, revelando o mesmo sentimento vivido no momento por ambas as partes.
Na parte posterior da escultura existem os encaixes para o fígado ou para o coração, quando próximos são preenchidos por tais sentimentos vindos de fora, e quando se afastam ficam os espaços que os encaixavam vazios. O ideal é que cada sujeito possa ter sua plenitude individual e ao mesmo tempo somar com o que é de positivo com a presença do outro. Assim quando a relação se rompe cada um saudavelmente permanece com o que já tinha e a dor não será insuportável. Porém quando as pessoas buscam no outro o preenchimento de seus vazios, em outra linguagem buscam a satisfação de suas questões e necessidades infantis, na ausência do outro fica novamente com o vazio, como se parte sua tivesse ido com o outro que agora se torna ausente. As próprias compulsões podem assim serem observadas, os sujeitos buscando externamente o preenchimento volátil destes espaços, que em pouco tempo deixarão de existir e novamente ficarão com a mesma sensação inicial de falta de algo.
Por estas e tantas outras possibilidades de representações das questões humanas, a escultura do “Sou tão você que sinto falta de mim mesmo” é uma das máximas do método “Argila: Espelho da Auto-Expressão”, metaforicamente simbolizando o TUDO E O NADA.