A figura paterna é aquela que auxilia na educação dos filhos: orienta, coloca limites, serve como exemplo e demonstra amor. Essas funções não são exclusividade do pai – podem ser compartilhadas por uma enorme relação de pessoas, como a mãe, professores, avós, tios, padrinhos, irmãos, babás e funcionários.
A educação realiza-se pela efetivação do afeto, administração dos limites com coerência e consistência naquilo que diz e realiza – ou seja, sendo o exemplo de tudo aquilo o que se ensina. Ela depende da presença, o que não significa apenas estar fisicamente presente ou dedicar à criança uma quantidade determinada de tempo. O que conta é, principalmente, a qualidade da presença. É estar inteiramente presente e dividindo com os filhos o aqui e agora.
Por isto, PAI, aproveite este momento para repensar a qualidade da presença na relação com seus filhos. Sem isto, a convivência pode ficar intermediada e distanciada por objetos compulsivos. Vícios das mais diversas naturezas (álcool, drogas, jogos, internet, celular, trabalho, academia) muitas vezes concorrem diretamente com a atenção dada aos filhos, que não raramente acabam ficando em segundo plano.
Quando isso acontece, o desenvolvimento emocional e a autoestima das crianças – construídos a partir da qualidade das relações importantes em suas vidas – são diretamente afetados.
Consequentemente, os filhos podem vir a buscar nos objetos compulsivos uma forma de vínculo ou retraumatização contínua, reproduzindo aquilo o que aprenderam.
Esse tipo de relação, sempre permeada pelo objeto de vício, é muito bem representada pela escultura metafórica do Kit 02 de Argila: Espelho da Auto-Expressão. Essa peça, intitulada “Sou tão você que sinto falta de mim mesmo”, apresenta a escultura afastada pelos objetos e vínculos que dificultam a aproximação, privilegiados em termos de tempo e importância, vindo em primeiro lugar.
Temas como traição, falta de confiança, desqualificação, não importância, rejeição e desprezo que consequentemente podem levar a uma baixa autoestima.
É interessante refletir sobre o nível de presença que você, pai, está estabelecendo com seus filhos. Em termos de vínculo e de aproximação amorosa e cuidadora, você é um pai on-line ou off-line? Está presente para quê ou para quem?
A relação on-line com os filhos acontece em tempo real e preenche. Já os objetos viciantes podem momentaneamente “presentificar” algo, mas são voláteis e levam sempre ao mesmo vazio que impulsionou a busca por eles.
Abaixo estão algumas sugestões para uma mudança saudável nas relações:
- Olhe atentamente para seus filhos da mesma forma como você olha para seu celular: fixe-se a eles a todo segundo como se fosse o som de uma mensagem chegando, ao qual se condicionou a atender;
- Alimente-se de seus filhos e de seus afetos como você se alimenta em exageros;
- Beba deles para ficar relaxado como a bebida lhe faz ficar;
- Fortaleça o amor e dê resistência ao vínculo da mesma forma como você busca na academia o fortalecimento dos músculos.
- Trabalhe arduamente 30 horas por dia para aumentar a conta bancária afetiva ou para crescer e ser diretor dessa “empresa”, tendo o prestígio de ser o pai deles.
Reconsidere e viva no presente como (P)resença (A)morosa e (I)ncondicional de ser simplesmente PAI PRESENTE. Torne-se o maior presente que pode ser oferecido aos seus filhos. O mundo será imensamente grato, pois os filhos serão os pais ON-LINE do mundo de amanhã.